Tatuagem de dentro, coração de fora
- KzAline
- 25 de abr. de 2021
- 1 min de leitura
Hoje faz seis anos que o meu relacionamento com o meu avô transcende o céu e a Terra e, desde então, enquanto eu controlava o meu choro, ele continuou a me ensinar.
Aprendi a ficar em silêncio para ouvir a voz dele, e descobri que sou quase refém da minha memória enquanto puder revisitar o seu cheiro, a textura da sua pele e as expressões que os seus sentimentos desenhavam em seu rosto.
Aprendi a sossegar a carência física e realçar em mim a presença do espírito dele e, principalmente, entendi que todo verbo um dia se faz carne mas, noutro dia, volta a ser verbo junto a Deus, em um tempo-espaço paralelo. É um ciclo doloroso, porém brilhante...iluminado. Enfim, hoje eu sei que, enquanto eu o amar, ele viverá em mim e eu nele, e essa comunhão não terá fim.
Um ano após sua partida, eu tatuei um coração que apareceu em um sonho, em uma noite em que dormi pensando em nós dois. Um coração que era um frágil combatente das mazelas da carne, do amor e da dor. Que recebeu apenas quatro anos de expectativa de vida após um AVC e, no entanto, resistiu por mais de duas décadas pra me criar, nutrir o meu peito e fazer de mim a melhor versão que eu poderia ser.
Eu marquei essa representação no meu braço, mas quem me conhece sabe que esse amor está estampado em minha cara.
25.04.2015. Sempre agridoce.

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